6 de jul. de 2015

Desafio a dor

Não foi criado instrumento para se medir a dor alheia
Mas quem já passou por ela sabe bem que se mede por profundidade.
Como um poço que ao alcançar o fundo da alma
Transborda-se em lágrimas.

Há aqueles que a querem qualificar
Elegem privilegiados como alvos da comoção nacional
Mas ignoram que pra grande parcela da população
A dor é a mistura na refeição principal

Carniceiros midiático!
O tom da voz, carregado de emoção
Camuflam o objetivo real,
Alavancar o ibope pro show da televisão.

Bem aventurado o dia em que a dor da Maria,
Não seja maior que a dor do João
Bendito o dia em que todas sejam respeitadas
Dignas de compaixão.

Embora utópico,
Não me custa desafiar sua dor
Que a dor de todos lhe sugue o ar.
Que a dor de todos lhe cause ardor.

Guto

22 de jun. de 2015

Nostalgia

Vez ou outra me pego revisitando meus textos
Tentando encontrar algum indício de mim
Vejo nas fotos as experiências vividas
Lá também não estou.
Nas profundezas do arquivo morto
Tentei achar algo que se parecesse com um legado.
Não que eu me obrigue a isso, mas na procurar por si mesmo
A gente é capaz de tanta coisa.
Conclui que se no passado não me encontrei não faria sentido investigar no futuro.
Hoje estou aqui, no trem, depois de um dia intenso
Com alguma pretensão de me encontrar
Como se o destino me permitisse esse tipo de privilégio.
Vou cochilar, talvez eu passe da estação,
E quem sabe num sonho curto eu tenha mais sorte.
Quando acordar conto pra vocês.

Guto