23 de dez. de 2009

Em uma noite feliz

Em uma noite feliz alguns flocos de neve caiam solenemente sobre a janela embaçada.
No interior do lar uma lareira crepitava e iluminava tudo que estava a seu alcance.
Um grande pinheiro enfeitado com bolas purpurinadas era o que prendia a atenção de todos,
Especialmente das crianças que se maravilhavam com toda a magia do clima natalino.

Opa! “Peraí”. No Brasil não tem neve e com raras exceções as casas têm lareira... Acho melhor a gente sair desse sonho americano.

Natal aqui é sinônimo de tia que não teve infância e acredita que o sobrinho de 6 anos fica feliz ao abrir o embrulho de laço dourado e dá de cara com um pulôver cor de creme.
Natal é sinônimo de cunhado gente boa que aparece de última hora. Come e bebe a vontade, dá um tchau e vai embora.
Natal é sinônimo de 25 de março lotada, todos os povos e raças de idades variadas compartilhando o mesmo chão, dividindo o hot dog, um churras grego e um sucão.
Mas Natal também é sinônimo de sinceridade, mesmo que esta só dure o tempo de um brinde ou de um caloroso abraço da mais tenra amizade.

Por essas e por outras que eu gosto do Natal, nessa época a gente alimenta o acervo de histórias engraçadas para se divertir durante o próximo ano.

Desejo a você que sobrem histórias boas e não falte o chester defumado, o molho de maracujá e o purê de mandioquinha.

E se este não for o cardápio, desejo que todo menu de bons sentimentos sejam servidos em seu banquete.

E que este banquete não seja servido somente no dia 24 ou 25, mas que você coma diariamente os petiscos que a vida lhe oferece.

Feliz todo dia!

Guto

A Vida Cristã

A vida cristã é diferente: mais difícil e mais fácil. Cristo diz: "Dê-me tudo. Eu não quero tanto do seu tempo, tanto do seu dinheiro, tanto do seu trabalho. Quero você. Eu não vim para atormentar seu ego natural, mas para matá-lo. Meias medidas não trazem nenhum bem. Eu não quero podar um galho aqui e outro ali, mas quero derrubar a árvore inteira. Entregue todo o seu ego natural, todos os desejos que você julga inocentes bem como os que você julga iníquos - todo o seu ser. Eu lhe darei um novo eu. Na verdade, lhe darei meu próprio eu; a minha vontade se tornará a sua vontade".

C. S. Lewis

21 de dez. de 2009

A Saga da Ovelha Extraviada

Essa é a história de Kleuby, a ovelha extraviada.

Kleuby era uma jovem ovelha que viveu na mesma fazenda desde que nasceu. Era simpática, divertida, adorava falar! É bem verdade que tinha lá seus problemas comportamentais, mas qual jovem ovelha, em plena tenra idade, não tem?

Nossa destemida ovelhinha gostava de passear pelo bosque que havia perto da fazenda e cada vez mais ela contemplava novas experiências. Como não tinha muita experiência, não se atentava aos perigos que o bosque escondia. Ficava apenas encantada com as descobertas.

Cansado desse comportamento o pastor do rebanho fortalece a idéia de por um fim nessa situação. E determinado dia, isso de fato aconteceu.

Em um bela tarde ensolarada, enquanto kleuby e as demais ovelhas se alimentavam em um pasto verdejante o pastor chega e grita em alta voz (talvez para servir de lição para as outras ovelhas):

“Kleuby, preste atenção! Se você acha que a grama do bosque é mais verde, pode ir correndo para lá”

A humilhada ovelha fica sem saber o que falar (ovelhas falam? Pelo menos nessa história sim!) continuou ali parada por alguns instantes em seguida foi embora e não voltou mais para a fazenda.

Tempos depois o dono da fazenda ia comemorar seu aniversário e convidou todos os animais para uma grande festa. Um amigo de kleuby, achou que essa era uma ótima oportunidade de trazer a amiga devolta para o seu lugar, devolta para o lar, tipo a ovelha pródiga. Então, à convidou para festa.

Kleuby ficou animada com o convite e imediatamente já matutava o que conversaria com os velhos amigos. Marcou o cabeleireiro e a manicure, afinal, não ia se apresentar com o pelo sem tosa e as unhas mal feitas.

Chegando na festa o pastor barrou a entrada da ovelha. Disse que ela não pertencia mais àquela fazenda e que portanto não poderia participar da festa.

A ovelha cabisbaixa diz com um sussurro que só ela mesma ouviu “realmente eu não sou bem vinda nesse lugar”. Virou as costas e foi embora.

Muitos anos depois, quando Kleuby já era uma jovem senhora, o dono da fazenda resolve ir até o bosque pessoalmente para buscá-la. A encontra cheia de feridas, mas com muito amor à leva devolta para a fazenda onde ela receberia todos os cuidados.

Fim.



Hoje pela manhã estava pensando nessa história e é incrível perceber como muitas vezes ela é uma realidade em nosso mundo cristão.

Parece que, em alguns casos, o amor para pregar o evangelho e alcançar vidas, não é o mesmo amor que cuida dos que se perdem pelo caminho. Será que o pensamento que “justifica” isso é: Ah, fulano se afastou? Não tem problema, logo a gente conquista mais algumas vidas...

Não sei. Mas como vemos, a bíblia é clara em relação ao comportamento que o cristão deve ter...

“Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?
E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida


Lucas 15:4

Como sempre o que proponho aqui é a reflexão. É pensar no nosso comportamento e tentar descobrir se, de fato, estamos fazendo nossa parte.

Mas na real, dessa história toda, a única certeza é que o “dono da fazenda” sempre vai atrás das ovelhas que se perdem no bosque.


Guto

18 de dez. de 2009

Somos corpo...?

Somos corpo
E assim bem ajustado
Totalmente ligados, unidos,
Vivendo em amor.
Uma família
Sem qualquer falsidade,
Vivendo a verdade,
Expressando a glória do Senhor.

Hoje ao vir trabalhar estava lembrando dessa música e infelizmente o sentimento que me veio não foi dos melhores. A impressão que tive é que essa música se torna mais hipócrita a cada dia que passa.

Só pra facilitar o entendimento, hipocrisia significa: Manifestação de fingidas virtudes, falsidade.

Sendo assim, essa história de “vivendo em amor” é algo não totalmente verdadeiro e o “sem qualquer falsidade” é melhor nem comentar.

Lógico que estou generalizando, e certamente há exceções, mas acredito que esse louvor só poderá ser cantado sem nenhum nível de hipocrisia quando estivermos no futuro lar.

Digo isso pois frequentemente vemos líderes evangélicos e até mesmo cristãos “comuns” defendendo os próprios interesses, ao invés de defender a maior causa de todas: O Cristianismo.

Como dizia Amaury Fontenelle “Um mia, outro uiva, outro au-au-au. E aí, somos irmãos ou não, afinal?”

Acredito que na igreja há dois níveis de relacionamentos. Aqueles que de fato são amigos e aqueles que simplesmente participam da mesma comunidade cristã.

É difícil acreditar que um lugar com 15 / 20 pessoas haja uma perfeita harmonia. Pois essas mesmas pessoas, pensam diferente, sentem diferente e os atritos ocasionalmente são inevitáveis. E isso é, até certo ponto, natural.

Porém, por mais que as diferenças sejam claras, e os atritos inevtitáveis, algo tem que ser comum a todos: o respeito!

Seja qual for o nível de relacionamento só o respeito um pelo outro, pode proporcionar pelo menos uma parte do que proclama o louvor. Só o respeito e consequentemente a sinceridade pode proporcionar um ambiente “sem qualquer falsidade”.

E assim viveremos “expressando a glória do Senhor”.

Guto

16 de dez. de 2009

Jesus não morreu por uma igreja idiota!

No último post (“Prosperidade e a Marcha da Idiotia”), falamos sobre os estragos que podem advir a quem centra sua vida na busca pela prosperidade. Minha intenção não foi a de desanimar qualquer pessoa a buscar prosperar na vida – isso seria uma idiotice de minha parte. Somos livres para a busca de uma vida melhor, mas o perigo está em centrar a existência nesta busca e em não se ter o cuidado necessário para evitar que nos tornemos egoístas e avarentos. Mas, vamos ao outro ponto.

Fiquei muito triste ao assistir ao vídeo que pode ser acessado em http://www.acaoreacao.blogspot.com, no qual um repórter entrevista os participantes da chamada Marcha para Jesus, ocorrida em São Paulo. Nesse vídeo, aparecem pessoas – permita-me lavar a alma – completamente idiotizadas, num oba-oba frenético e ridículo. Depois, assisti a outros vídeos de pastores completamente alucinados em suas pregações, berrando e em tons histéricos tentando levar seu publico a uma emocionalidade descontrolada. Fiquei triste ao pensar sobre a imagem que esses eventos podem trazer sobre a igreja. Sendo franco com o que senti, fiquei envergonhado. Será esta a verdade sobre a igreja: uma igreja sem cérebro, cheia de fanfarronices e presepadas, com líderes histéricos e delirantes? A julgar pelo que vemos por aí, podemos pensar que a igreja evangélica é uma instituição que marcha para o nada, ou pior, marcha para um despenhadeiro onde sua dignidade está despencando em rios de idiotice. Mas …

… Jesus não morreu para construir uma igreja idiota. Se está idiota ou não é sua igreja ou, em sendo, ainda tem muito a crescer. Não me tenha por arrogante ou por um juiz algoz mas, pelo pouco que sei, a igreja é de outra natureza, sim: sóbria, amorosa, adorativa e servidora ou misericordiosa.

Sabe de uma coisa? Qualquer um de nós pode ficar idiotizado. Não me refiro a uma idiotia como a do Príncipe Michkin, de Dostoiévski, que tinha por trás de sua excessiva bondade uma perspicácia capaz de desvendar a verdade no íntimo dos outros – não! Refiro-me a uma idiotia vazia, estéril, vil.

Os caminhos para esta idiotice? Ei-los: aceitar o que nos falam sem consciência crítica ou analítica; seguir tradições e rituais sem discernimento ou bom senso; nos deixarmos levar pela maioria, por falta de conteúdo ou por uma auto-imagem fraca, doente que nos impede de sermos autênticos; sacralizar pessoas e coisas, como se suas palavras e atos fossem inquestionáveis – quantos têm doado fortunas para ministérios e pastores, desconsiderando todas as acusações, ou até mesmo condenações aplicadas a estes, por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsidade ideológica e estelionato? Idiotizamo-nos quando nossas paixões arrastam nossas emoções e, por fim, quando não temos uma base sólida para fundamentar nossos pensamentos e atos. Fico muito assustado quando vejo um idiotismo coletivo causado por líderes que reúnem alguns dos itens citados e que arrastam multidões consigo.

Mas, ora esta: um dos objetivos da igreja não é, justamente, o de fornecer bases bíblicas sólidas para a vida de seus membros? Deus mesmo não quer ser amado com todo o nosso entendimento? O idiota não sabe amar a Deus e nem servi-lo, pois não pode discernir Sua vontade. Não basta coração e força: Deus quer seres pensantes, analíticos, sensatos, transformadores. Não estaria nesta idéia o conceito de protestantismo, gente que protesta por causas justas? Historicamente, não tem sido a fé cristã uma das grandes forças revolucionárias e transformadoras da sociedade e do mundo?

O caminho para fugirmos da idiotia começa em conhecermos a Palavra de Deus e, principalmente, o Deus que nela fala. Mas precisamos, com urgência, nos abrir aos saberes que lançam luzes sobre todos nós e sobre a realidade que nos cerca. E, a partir destas bases, olhar todo o mundo a nossa volta com visão crítica, discernente, livre, transformadora. Que o Senhor nos livre, a nós, sua Igreja, de todo idiotismo, de toda estultice, para que existamos para o fim para o qual fomos criados: servir e amar a Deus de todo o coração, de todo entendimento e com todas as forças, e para amar e servir ao próximo. Nada poderia nos amadurecer mais nesta vida.

Até.

Deixemos de coisa e cuidemos da vida.

Autor: Luiz Vanderlei
Fonte: www.escoladepastores.org.br/blogs/ensaiopuroesimples/

15 de dez. de 2009

Uma oração

Uma oração: Bispo Nikolai Velimirovic, bispo Sérvio que denunciou o Nazismo, foi preso, e levado para Dachau.

Abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.
Inimigos me levaram aos teus braços mais do que amigos. Os meus amigos me mantiveram preso à terra; os inimigos me libertaram da terra e destruíram todas as minhas aspirações no mundo. Os inimigos me fizeram um estrangeiro nos domínios do mundo e um habitante estranho do mundo. Assim como um animal caçado acha abrigo mais seguro que um animal não caçado, assim também eu, perseguido por inimigos, achei o santuário mais seguro, tendo me escondido debaixo teu tabernáculo, onde nem amigos nem inimigos podem matar a minha alma. Abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.

Eles, em vez de eu, confessaram meus pecados perante o mundo. Eles me puniram sempre que eu hesitei punir a mim mesmo. Eles me tormentaram sempre que eu tentei fugir dos tormentos. Eles me renegaram sempre que eu me linsojeei. Eles cuspiram em mim sempre que eu me enchi de arrogância. Abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.

Sempre que eu fiz-me sábio, eles me chamaram de tolo. Sempre que eu fiz-me poderoso, eles debocharam de mim como se eu fosse uma mosca. Sempre que eu quis liderar pessoas, eles me empurraram para o fundo. Sempre que eu corri para enriquecer, eles me previniram com uma mão de ferro. Sempre que eu pensei que fosse dormir em paz, eles me acordaram do sono. Sempre que eu tentei construir uma casa para uma vida longa e tranquila, eles a demoliram e me expulsaram.

Verdadeiramente, os inimigos me cortaram do mundo e estenderam a minha mão na direção da bainha das tuas vestes. Abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.

Abençoa-os e multiplica-os; multiplica-os e torna-os ainda mais amargos comigo:

De forma que minha fuga não tenha volta;

De forma que minha esperança nos homens se espalhe como teias.

De forma que serenidade absoluta comece a reinar em minh'alma.

De forma que meu coração torne-se o túmulo dos meus gêmeos maus: a arrogância e cólera;

De forma que eu acumule todos os meus tesouros no céu;

Ah, de forma que eu de uma vez por todas possa ser livre da auto enganação, a qual me amarrou na terrível teia da vida ilusória.

Os inimigos me ensinaram a saber o que quase ninguém sabe, que uma pessoa não tem inimigos no mundo exceto a si mesma. A pessoa odeia seus inimigos apenas quando ela não se dá conta que eles não são inimigos, mas amigos cruéis. É realmente difícil para mim dizer quem me causou mais bem e quem me causou mais mal no mundo: amigos ou inimigos. Assim abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.

Um escravo amaldiçoa os inimigos, pois não compreende. Mas um filho os abençoa, pois compreende. Assim, um filho sabe que seus inimigos não podem tocar sua vida. Portanto ele livremente anda entre eles e ora a Deus por eles. Abençoa meus inimigos, ó Senhor. Até eu os abençoo e não os maldigo.

Fonte: www.renovatiocafe.com

14 de dez. de 2009

Desconexos

Não vou me deixar abater
Por esta triste situação
Vou logo estufando o peito
Entoando uma canção.

Alguns versos escrevo aqui
E a resposta eu espero
Sei que não é uma grande obra,
Não a olhe com esmero

Prossigo em minha luta
Firme, forte na labuta
Sorrindo, contente
Quem sabe amanhã eu me apresente.

Guto

Pinguim de Geladeira

Pinguim de geladeira
Que legal que você é
O seu pelo branco e preto
E os dedos do seu pé

Pinguim de geladeira
Legal é assim:
Enquanto tomo sorvete
Você olha pra mim.

Guto

11 de dez. de 2009

Entre dois mundos ( “Nem para direita nem para esquerda” )

"Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento "
(Provérbios 3:5)
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo?” (Eclesiastes 7.16,17)
E nessa caminha dura eu já me vi em extremos impraticáveis, insuportáveis por muito tempo, senti o peso da responsabilidade de carregar uma fé que não era minha, de amar um deus que não era meu , de andar num caminho que eu não escolhia, más era o que eu tinha pra me agarrar quando percebi que a minha vida estava à deriva, então eu fui hipócrita, mentiroso , demagogo e fariseu. Cansado desse fardo pesado eu me recolhi e vi a minha vida passar por mim como um jumento passa pelas ruas esburacadas da baixada fluminense, tudo torto.

Nesse recolhimento, como na caverna, eu vi a luz . A solução era simples do que eu pensava: ser eu mesmo ao máximo pra depois me despir de tudo e não ser mais nada, tirar as mascaras, as magoas , os ressentimentos , rezar o pai nosso como reza a cartilha.

Na “caverna” eu encontrei velhos e novos amigos e achei minha família e minha história, em paz comigo e mesmo e com os outros achei que era hora de entrar numa cruzada pela ‘‘pureza da palavra”. Defender com espada e escudo a luz que me iluminava , eu, um anão em terra de gigantes, não vi o quanto era ignorante. Na minha santa inquisição queimei todos os hereges, idolatras e falsos profetas que pude e me queimei com meu próprio fogo. Mas esse outro mundo que preza pela pureza era tão falso quanto o primeiro da hipocrisia. Tudo isso me cansou e me fez perder a “graça”. Julgos desiguais, cargas pesadas que só mudaram de ombro , da esquerda para direita . Achei que devia haver uma outra vida , uma outra via, outro caminho. E eu o achei.

O meio

Porque eu percebi com o tempo que no começo eu queria ser algo que não era e no fim eu acreditava mesmo que era mais do que realmente era, no meio eu percebo que sou igual a todo mundo, capaz das mesmas mentiras , maldades , desvios e pecados e não é porque tenho alguns deles muito bem domados ao meu ponto de vista que me sinto seguro para acreditar que sou melhor do que os que não os tem sob coleira.

Estas vozes altas, estes dedos apontados, esta cabeça erguida, toda esta perfeição frágil uqe se alimenta de exibir as incoerências e vergonhas dos outros, com o tempo se trai, e espero que meus amigos que saíram da caverna Junto comigo percebam isto a tempo .

A tempo de viver a própria vida e deixar a dos outros seguir para o próprio destino , alguns acordarão com a pílula vermelha, outros ficarão nas próprias fantasias da pílula azul, do mundo de Alice, mas o importante é que nós seremos julgados pelo criador e não por outros iguais .

Autor: Jorge Luiz Moreno
Fonte: www.renovatiocafe.com

10 de dez. de 2009

A (IN)Utilidade de ser Cristão

Acordei. Depois do ritual da manhã (lavar o rosto, escovar os dentes, tomar café, ler a bíblia, fazer oração) sai de casa rumo ao trabalho.

Pelo caminho deparei, com o que classificamos a escoria da sociedade. Indigentes, moradores de rua, jogados na calçada, embriagando-se, sem nenhuma perspectiva de vida. Tive dó. Mas logo meu senso moral me fez chegar a seguinte conclusão: a culpa era deles. Bando de vadios, alcoólatras. E assim, prossegui em paz, agradecido a Deus por não ser como eles.

Hora do almoço. Arroz, feijão, carne, salada, refrigerante ou suco. Sobremesa. Senhor Jesus obrigado por essa refeição, foi a oração que acompanhou esse momento sagrado. Logo após encontrei-o: um homem com seus filhos e mulher desempregada, morando de aluguel e salário maravilhoso de R$350, 00. Suas refeições muitas vezes sem a saborosa mistura, as crianças sem o leite para o café da manhã. As crianças ajudando o pai catando papelão e latinha na rua, sem tempo de ir à Escola, praticar esportes, ler livros, ver desenho animado - se não trabalhar não come. Ao ouvir o relato fiquei espantado e indignado com o governo e a sociedade! Culpei-o por fazer tantos filhos, por ser inconseqüente, irresponsável e alienado. E fiquei satisfeito por saber que a vida não esta fácil pra ninguém. Antes de despedi-lo, lhe dei-lhe um folhetim de evangelismo com o endereço da igreja. Nesse, estava escrito que ele era um misero pecador e estava condenado ao inferno. Ficou feliz. Até que enfim encontrou razão para tanto sofrimento. Para o inferno que estava vivendo. A culpa era de Deus.

Ele se foi. E eu agradeci a Jesus por não ter vergonha de anunciar o evangelho. Afinal de contas, que ousadia a minha. Mais um folheto entregue!

Chegando em casa, tomei um belo banho. Entre varias peças de roupa, escolhi a mais nova. Diante a vários pares de sapato, achei um que combinasse com a roupa. Propus-me a jantar, e que jantar abençoado... Em seguida fui à igreja. Orei. Cantei louvores. Li as Sagradas Escrituras. Gritei aleluia, gloria a Deus. Que coração quebrantado. Escutei pacientemente um maravilhoso e longo sermão sobre as bênçãos de Deus por ser seu filho. Após o culto, o comentário habitual - fofoca gospel era sobre ela. 17 anos. Quando criança ate freqüentou a igreja. Agora esta grávida. O pai do bebe. Está preso. Traficante e bandido, tem 18 anos e ainda não tomou rumo. Eles mantêm relações sexuais na cadeia. Culpada é a mãe. Prostituta. Que exemplo deu a filha! E foi ela quem mandou namorar marginal!

Fui pra casa, assistir televisão. Corrupção, desigualdades sociais, mortes, estupros, tráfico, policia invadindo o morro, o morro invadindo a cidade, PCC, mensalão, máfia de sanguessugas. Era o relato do jornal de mais um dia nesse mundo que jaz no maligno. O capeta. A culpa e toda dele.

Antes de deitar, li a bíblia e fiz a oração da noite: “obrigado Jesus por me abençoar tanto, pela salvação. Ah! Quero te fazer um pedido. Preciso ganhar mais no meu emprego para obter mais conforto. Preciso prosperar, afinal sou dizimista fiel...” enquanto orava adormeci na minha confortável e segura casa, no meu colchão de R$900,00.

Autor: Ricardo Perpétuo da Silva
Fonte: cartesianofinito.blogspot.com

9 de dez. de 2009

Pensamentos Inglórios

Pensamentos inglórios invadem a mente.
Corrompem a inteligência de um raciocínio lógico.
A emoção toma conta.
A razão grita como uma criança que acorda assustada no meio da madrugada,
Clama por um sonho bom, onde a ordem seja restaurada.
Mas o sonho que outrora animava o sono,
Agora se apresenta em suas vestes de pesadelo,
E pior, enquanto os olhos ainda fitam a luz oscilante da televisão.
A TV é desligada, na esperança de que a escuridão leve consigo as dúvidas e angústias,
Afinal, na escuridão nada se pode ver.
Puro engano!
O travesseiro ainda é testemunha da batalha que perdura,
Até o momento em que a razão, sem saber como, entrega-se a um sono não tão tranqüilo.
Mas que espanta o inimigo,
Pelo menos até o despertar do relógio na manhã seguinte.

Guto

Consonância do Amar

Não me tenha por pedante
Estou apenas de passagem
Vim em meio a noite
Clarear a paisagem

Não me tenha por arrogante
Estou exercendo minha função
Iluminar os seus caminhos
Clarear o seu porão

E o porão que me refiro
Não é o tradicional
É o porão da alma
Onde se guarda o lixo sentimental

Esse mal que escondido
Quase sempre imperceptível
Quero ardentemente exterminar
mostrando ao mundo a consonância do amar

Guto

Ingrata Espécie

A natureza e seus encantos,
Traz a multidão de gotas de esperança,
Rompendo o sinistro som da madrugada.
Um elixir que causa espanto e prazer
Pelo simples som ao se derramar sobre o telhado.
E brotando a aurora
O frio e a escuridão sentem-se tímidos,
Ao ver surgir no horizonte o astro maior,
Que com a imponência de um rei
Chega com luz e calor
Presenteando com o dia
A mais ingrata das espécies.

Guto

7 de dez. de 2009

Devaneios Poéticos

Depois da guerra
Entre destroços e dor
A esperança persiste
Nasce uma flor

Indiferente à raça,
credo ou cor
A poesia traz arte
A solenidade, o amor.

Por mais que digam o contrário
E a pós-modernidade aponte outro caminho
Uma rosa sempre nascerá
Em meio à espinhos.

Guto